Não é a primeira vez que, por aqui, falamos sobre Campo Harmônico, não é mesmo? Porém este tema é tão importante e tão interessante que nunca é demais trazê-lo.
Assim, hoje, falaremos novamente sobre este importante campo da Música. Todavia, neste então, exploraremos as questões que envolvem o Campo Harmônico Menor no Violão.
Que tal, como fizemos antes, trabalharmos juntos este tema? Tenho plena certeza de que seu desenvolvimento será muito superior, depois disso.
Ótimo! Então, vamos lá.
Você me acompanha?
Recordando o Campo Harmônico em Geral
Óbvio que, antes disto aqui, é de extrema importância que você leia a matéria-mãe deste artigo. Ela está linkada logo no início do texto, para facilitar sua navegação.
Porém, mesmo fazendo a lição de casa antes de tudo, vale a pena investirmos um pouquinho de tempo em conceitos geral. Estou certo?
Desse modo, é importante lembrar que um Campo Harmônico nada mais é que: a extensão, em tríades e díades, das Escalas Musicais.
E como assim “extensão de uma Escala”? O que isso quer significa? E a resposta é simples:
Estender as escalas, em outras palavras, seria aumentar seu uso. Remodelá-las para que funcionem em outras aplicações, outros instrumentos.
Ou seja: enquanto uma escala, de apenas notas, funciona muito para uma guitarra, precisamos de mais, no violão. Aí entram os campos harmônicos.
Eles permitem que se desenvolva a mesma lógica das escalas, porém com acordes. Com construções notais mais complexas, já que compostas.
Afinal todo acorde possui, no mínimo, um trio de notas — o que usamos chamar “tríades”. Dessa forma, através dos Campos Harmônicos, somos capazes de expressão em nossos violões.
Especificamente o Campo Harmônico Menor no Violão
Para que esteja claro, focaremos a conversa no Campo Harmônico Menor no Violão. Ele é nosso instrumento principal.
No entanto toda a teoria, toda a matemática de fundo seguirá igual para outros instrumentos.
Piano, teclados, banjo… O instrumento que for, que sirva-se de acordes para execução musical, seguirá os mesmos princípios.
Então, primeiro revisaremos a Escala Diatônica Menor e, dela, chegaremos ao Campo Harmônico Menor no Violão, combinado?
Assim, pensemos novamente nos intervalos. A memorar:
Intervalos Fundamentais do Campo Harmônico Menor no Violão
Entenda-se os intervalos fundamentais do campo harmônico menor no violão como suas notas principais. Elas se desdobrarão em acordes que formarão este campo harmônico.
Desse modo, consideremos primeiramente a Escala Menor Natural. E, por motivos práticos, escolhi a Escala Menor Natural de Lá. E justifico a decisão:
O Campo Harmônico Menor de Lá é um relativo do Campo Harmônico Maior de Dó. Mas o que isso quer dizer?
Ora, é bem simples:
O Campo Harmônico maior de Dó não possui acidentes, como vimos antes. Alterando a ordem de seus acordes, podemos chegar a outros Campos Harmônicos: seus relativos.
Neste caso em questão, o Campo Harmônico Menor no Violão devido a Lá (Am). Sem acidentes, torna-se mais fácil compreendê-lo.
Sabendo que os intervalos da Escala Menor Natural são Tom – Semitom – Tom – Tom – Semitom – Tom, temos, para Lá:
Lá (tom) – Si (semitom) – Dó (tom) – Ré (outro tom) – Mi (semitom) – Fá (tom) — Sol (tom)
Em resumo, a partir da tônica (A), temos um tom, chegando a Si (B). Com intervalo de semitom, desde Si chegamos a Dó (C).
Dó mais um tom, Ré (D); Ré mais um tom, Mi (E). Porém, a partir de Mi, temos o intervalo de meio tom, chegando a Fá (F). Aqui, mais um tom: Sol (G). Finalizando, mais um tom até a oitava.
Está formada a Escala Menor Natural de Lá (A). Mas isto não basta.
A construção das tríades do Campo Harmônico Menor no Violão
Intervalos fundamentais definidos, hora de desenvolvermos a Escala em acordes. É dessa forma que, de fato, construiremos o Campo Harmônico Menor no Violão.
Aqui, pincelaremos a teoria da formação. Mas mais a título de curiosidade, tudo bem?
Para nós, mais importante que a fundamentação da construção deste campo é sua aplicação prática. Afinal, falamos de séculos, milênios de produção e teste, exploração e consolidação.
Então, saiba-se que, às notas principais de cada intervalo, soma-se terças. A elas, outras terças. É a chamada superposição (ou sobreposição) de terças. Veja, para esclarecer:
A terça de A (Lá) é C (Dó), seguindo o intervalo da Escala Menor. A partir de C, a próxima terça é E (Mi), sempre seguindo os intervalos. A + C + E = Am, o acorde Lá menor.
Esmiuçando ainda mais:
A + tom, B, sendo A o primeiro grau e B o segundo. B + semitom, C, sendo C o terceiro, ou terça.
Agora, nesta escala, precisamos considerar dois intervalos espaçados por tom. C + tom, D; D + mais tom, E. Desde C, primeiro intervalo interessante agora, E é o terceiro: a famigerada terça.
Formamos, então, o primeiro e mais importante acorde deste Campo Harmônico Menor no Violão.
E, claro: servindo-nos desta mesma lógica, somos capazes de compor acordes para todos os demais tons.
Genial, não é mesmo?
Próximos graus do Campo Harmônico Menor
Como fizemos com A, primeiro grau, façamos com os próximos. Repare como a superposição de terças deu-nos, de presente, o acorde Am (Lá menor). Sigamos o mesmo princípio com B.
B, sabidamente, é segundo grau da Escala Menor de Lá. Está um tom afastada da tônica, A. Logo, precisamos de meio tom para caminharmos, chegando a C. C + tom, D. A terça!
Partindo de D, agora dependendo do intervalo de um tom, temos E. E + semitom, como manda a escala, temos F.
Nesta etapa, B + D + F, temos Bm(5b).
Agora, como exercício, peço que você faça a progressão desde aí, de sua casa. Invista um tanto de tempo e explore, sempre pautando-se na Escala Menor de A para os intervalos.
Apenas para te ajudar, vou expor outro grau do Campo Harmônico Menor no Violão. Veja só:
Já fizemos A e B, correto? Os resultados foram Am, no primeiro grau, e Bm(5b), no segundo. No terceiro, iniciamos com a nota C.
C + tom, seguindo a lógica da escala, D; D + tom, E. Eis a terça. E + semitom, F. F + tom, G. segunda terça. C + E + G, C (Dó maior).
Temos, até agora, Am — Bm(5b) – C.
Eis sua vez. Tome o tempo que precisar e, então, retorne.
…
Pronto! Você fez a lição de casa, sempre considerando o terceiro intervalo, e chegou à seguinte composição:
Am – Bm(5b) – C – Dm – Em – F – G
E repare como a questão dos Campos Harmônicos relativos fica transparente. Afinal, o Campo Harmônico Maior de Dó não é exatamente este, em ordem diferente?
Pois é: o Campo Harmônico Maior de Dó e o Campo Harmônico Menor Natural de Lá têm os mesmos acordes. Fantástico, não é mesmo?
Mas não pare por aí. Agora, é hora de destrinchar todos os outros tons, com e sem acidentes.
Outra surpresa será encontrar os mesmos acordes no Campo Harmônico Menor no Violão, mas de Mi. Sim: ele também é relativo de Dó e possui praticamente os mesmos acordes.
O uso do Campo Harmônico Menor no Violão
Não é segredo algum que o Campo Harmônico Menor no Violão busca a melancolia.
São desenvolvimentos tonais muito ligados à tristeza, ao choro e lamento. Estão amplamente utilizados no Rock, no Heavy Metal, na Bossa Nova, no Sertanejo de raiz.
Chega a ser impossível não vincular o Campo Harmônico Menor no violão com o fim de um romance. Quer ver só? Vou te encher de exemplos, nacionais e internacionais:
E poderíamos seguir eternamente trazendo canções que exploram o Campo Harmônico Menor no Violão. Mas eu sei que você já entendeu.
Agora, vale a pena lembrar de um detalhe importante: não existe apenas o Campo Harmônico Menor Natural, como não existe apenas a Escala Menor Natural.
Mas isto é assunto para outro dia. Hoje, espero que você tenha aproveitado bastante esta matéria. Faz-se urgente debruçar-se e aprofundar ainda mais.
Com isso, não apenas você tocará melhor como poderá trabalhar em composições mais profundas. Afinal, de nada adianta passar a vida tocando canções alheias, verdade?
Então, mãos à obra! E lembre-se que, aqui no Dicas, você sempre aprende de verdade. Por isso, fique sempre de olho nas novidades e explore tudo que temos por aqui.
Como sempre, foi um prazer imenso compartilhar Música contigo. Volte sempre, meu caro aluno!
Até a próxima!